Era noite e a praia estava deserta, tão deserta quanto a vista alcançava, porque na verdade, talvez houvesse vidas iguais às deles noutras curvas das dunas. O luar aproximava-se, não tardaria nada o escuro por cima das águas seria substituído pela luz de prata, que é a luz que a lua nos sabe dar. Lá ao longe, pirilampavam luzinhas de barcos de pescadores e, mais perto, a luz verde piscadora de um farol, ensinava o caminho aos barcos que iam e vinham. Não muitos, nem muito grandes...
Sentados na areia, o homem de olhos claros pegou na mão da mulher que a deixou ficar presa nas dele, sorriu e encostou a cabeça no ombro duro do amante. Disse, baixinho, "É tão bom estar aqui, quem me dera que o tempo parasse..." , "Mas sabes que não pára, basta ver como a maré ainda há pouco enchia o areal de espuma e agora vai deixando as marcas mais longe...", disse ele, a voz serena e meiga, passou o braço por cima dos ombros dela e puxou-a para si! Ela levantou a cabeça e recebeu o beijo adivinhado e querido, fechou os olhos e recebeu, na boca, os lábios dele.
Minutos depois, levantaram-se, sacudiram, da roupa, os grãos de areia, não todos, porque alguns haviam de aparecer, mais tarde, nos lençóis revoltos, quando os corpos descansavam de marés cheias de desejo, de dádiva e de ansiedade.
Há quem se ame e só o mar saiba.
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2 comentários:
Adorei essa última frase! Muito bom este texto.
Bom fim de semana
Muito bonito... :)
É bom saber que continuas único na escrita..maravilhoso texto!
Um beijo*
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